
Práticas Guiadas
[para fazer o download, clica nos três pontos disponíveis no lado direito do áudio]
05 min Consciência da Respiração
10 min Consciência da Respiração
Meditação | A meditação não é para nos sentirmos bem
É útil entender que a meditação não é apenas para nos sentirmos bem. Pensar que é por isso que meditamos, é uma preparação para o fracasso. Vamos assumir que estamos a fazer algo de errado quase todas as vezes que nos sentarmos: mesmo o meditador mais estabelecido continua a experimentar dor física e psicológica. A meditação leva-nos exatamente ao que somos, à nossa confusão e à nossa sanidade. Esta aceitação completa de nós mesmos como somos é chamada de maitri, uma relação simples e direta connosco mesmos.
É apenas quando começamos a relaxar connosco mesmos que a meditação se torna um processo transformador. Somente quando nos relacionamos connosco sem moralizar, sem dureza, sem engano, é que nos tornamos capazes de nos livrar de padrões nocivos. Sem maitri, a renúncia a velhos hábitos torna-se abusiva, este é um ponto importante.
Existem quatro qualidades de maitri que são cultivadas quando meditamos: firmeza, visão clara, capacidade para estar com nosso sofrimento emocional e atenção ao momento presente. Essas qualidades não se aplicam apenas à meditação sentada, mas são essenciais para nos relacionarmos com todas as situações da nossa vida.
– Pema Chödrön, Os Lugares que nos Assustam
Meditação | Surfar a onda dos pensamentos
Observar os três momentos: formação, manifestação e dissolução do pensamento
Meditação | Observar a mente: identificar e nomear os pensamentos
O que acontece quando notamos um pensamento? Como é que observar este fluxo discursivo de pensamentos muda a experiência que temos deles?
Meditação | Disponível para ouvir: o que os sons e os pensamentos têm em comum
– Os sons e os pensamentos parecem surgir “do nada”
– São aleatórios e impermanentes, não temos qualquer controlo sobre eles
– Os pensamentos são como uma rádio (ouvir) ou um filme mudo (observar)
– A faísca que está na base do pensamento ativa cadeias associativas
– Receção: recebo os sons e os pensamentos
– Perceção: estou consciente das camadas que acrescento
Meditação | [Re]Conexão com a respiração
Meditação | Respiração e Pensamentos: uma expressão de autocuidado
Pergunta para inspirar estas semanas:
Estão as sementes da bondade e da compaixão presentes em todos os nossos pensamentos, mesmo aqueles que consideramos destrutivos? Como é que mudaria a nossa visão sobre eles, se começássemos a ver a sua raiz mais profunda?
– extraído de um curriculum da Tergar
Meditação | Reencontro com a bondade fundamental: bodyscan compassivo
Bodyscan compassivo: percorrer o corpo com uma atitude interna de apreciação, carinho e amorosidade.
Meditação | Os cinco elementos no corpo: terra, água, fogo, ar e espaço
Dos cinco sentidos, usamos o tato para percorrer o corpo a partir dos elementos. Deixamo-nos preencher totalmente pela experiência sentida, silenciosa.
– Terra: estabilidade
– Água: fluidez
– Fogo: temperatura
– Ar: movimento
– Espaço: amplitude
Meditação | Rastreio corporal a três dimensões: além das projeções conceptuais
Dos cinco sentidos, usamos o tato para percorrer o corpo a três dimensões: de cima para baixo, da frente para trás, de um lado para o outro. Deixamo-nos preencher totalmente pela experiência do tato e abandonamos, progressivamente, o hábito de alimentar os comentários da mente conceptual. Sentimos, apenas.
Prática para esta semana:
Percorrendo o corpo de cima para baixo, interna e externamente, permito que uma onda de bondade acompanhe todo este movimento.
Meditação | Apreciação: estabelecer a âncora nos 5 sentidos
Os cinco sentidos são como cinco janelas que nos permitem tomar contacto com o mundo externo (no qual se inclui o corpo). Mas aquilo que nós percepcionamos do mundo externo tende a ser alterado pelos comentários da mente conceptual (que parece funcionar como uma cortina, impedindo-nos de “ver” com clareza).
Naquilo que é visto, só há aquilo que é visto; naquilo que é ouvido, só há aquilo que é ouvido; naquilo que é sentido, só há aquilo que é sentido; naquilo que é conhecido (com a mente), só há aquilo que é conhecido;
– Discurso do Buddha para Bahiya, Bāhiya Sutta
Perguntas para inspirar a semana:
Como seria, neste instante, abrir-me totalmente para a experiência sensorial?
– O que estou a ver?
– O que estou a ouvir?
– O que estou a sentir?
– O que estou a cheirar?
– O que estou a saborear?
Meditação | Respiração: relaxamento e entrega com cada expiração
O discurso interno – fluxo de pensamentos – está diretamente associado à nossa respiração. Uma mente agitada é acompanhada de uma respiração alta, curta e acelerada, uma mente tranquila é acompanhada de uma respiração mais baixa, ligeiramente mais longa e mais pausada.
Perguntas para inspirar a semana:
Como estou a respirar agora?
– A respiração é audível?
– A respiração acontece pelo nariz ou pela boca?
– Onde sinto mais a respiração? Clavículas, peito, costelas, abdómen?
– Quantos segundos demoro a inspirar, quantos segundos demoro a expirar?
– O que é mais reconfortante, inspirar ou expirar?
Meditação | Estabelecer o corpo no estado natural: equilibrar relaxamento, estabilidade e vigilância
O corpo descansa confortável e relaxado, estável como uma montanha; o discurso interno descansa num silêncio sem esforço, como uma guitarra sem cordas; a consciência descansa em si mesma, quieta e ampla como o espaço;
— adaptado de Minding Closely, B. Alan Wallace página 20
Perguntas para inspirar a semana:
O que é preciso para que o corpo se estabeleça no estado natural?
O que é que eu sinto quando o corpo se estabelece no estado natural?
Se nos permitirmos estar conscientes da atividade das nossas mentes, vamos muito gradualmente acabar por reconhecer a natureza transparente dos pensamentos, emoções, sensações e perceções que antes considerávamos sólidos e reais. É como se camadas de pó e sujidade começassem lentamente a ser removidas da superfície de um espelho. À medida que nos habituamos a olhar para a superfície limpa [do espelho] das nossas mentes, podemos ver para além de todos os rumores sobre quem, e o que, nós pensamos que somos, e assim reconhecer a essência brilhante, luminosa da nossa verdadeira natureza.
— Mingyur Rinpoche, Alegria de Viver
Meditação | Confia no teu corpo e simplesmente deixa-o respirar
Nos dias em que a tua mente estiver uma verdadeira confusão, podes simplesmente deitar-te na cama [ou num tapete], com uma almofada suave sob a cabeça e soltar completamente a tensão do corpo. A cada expiração, relaxar completamente, deixar o corpo respirar sem esforço, no seu ritmo natural.
Relaxar até ao final da expiração e nesse momento, deixar a mente silenciosa… sem necessidade de tagarelar. E então permite que o ar entre novamente, sem forçar a sua entrada no corpo, em total quietude.
O momento mais importante é o final da expiração. Deixa que esta seja uma ocasião de confiança total, a confiança de que podes libertar completamente o ar, até que não reste nada, e de que não há qualquer necessidade de exercer qualquer esforço para inspirar, deixa a próxima inspiração fluir no seu próprio tempo.
Contenta-te com o que receberes, seja uma respiração curta, ou longa, seja o fluxo da respiração regular ou irregular, confia no teu corpo, e simplesmente deixa-o respirar.
— Alan Wallace, Felicidade genuína: Meditação como o caminho para a realização
Estar – Presente – Naturalmente
Não há possibilidade de as flores serem vencidas. Isso é admirável, maravilhoso, porque a flor não é símbolo de força. Não há a sensação de haver luta contra alguma coisa, que alguém tenha sido derrotado, que haja algum inimigo de fato.
O fato de as flores surgirem é a vitória da fragilidade. Mas não é [bem] fragilidade: é a força que está além da força causal, é a força que transforma por dentro, sem que haja uma sensação de luta [e de esforço].
– Lama Samten
Meditação | Body Scan Compassivo
Meditação | Respiração & Observar a Mente
Entregue a si própria, a mente é como um pássaro inquieto, sempre a voar de galho em galho, saltando da árvore para o chão, para de seguida voar para uma outra árvore. Nesta analogia, os galhos, o chão e a outra árvore representam as solicitações que recebemos dos nossos cinco sentidos, assim como todos os pensamentos e emoções. Todos eles parecem interessantes e poderosamente atraentes. E uma vez que sempre há alguma coisa a acontecer em nós e em nosso redor, é muito difícil aquietar o pobre pássaro inquieto. Não é de admirar que tantas pessoas se sintam stressadas a maior parte do tempo. Este esvoaçar constante, ao mesmo tempo que os nossos sentidos são sobrecarregados e os nossos pensamentos e emoções exigem reconhecimento, faz com que seja muito difícil permanecer relaxado e focado.
A primeira das práticas fundacionais à qual fui apresentado quando era criança (…) envolve permitir que o pássaro se acalme. Em sânscrito, esta prática é conhecida por shamatha e em tibetano por shinay. “Shama” e “shi” podem ser entendidas de várias maneiras, incluindo “paz”, “repouso” ou “abrandar o ritmo” de um estado de agitação mental, emocional ou sensorial. Talvez um equivalente da linguagem moderna fosse o termo relaxar. Em sânscrito, “tha”, assim como o tibetano “nay”, significa “habitar” ou “permanecer”. Noutras palavras, shamatha, ou shinay, significa repousar num estado tranquilo ou relaxado, que permite que o pássaro simplesmente fique num mesmo galho por algum tempo.
Meditação | Respiração & Observar a Mente
Gostaria de esclarecer que a comparação entre a mente natural e o espaço conforme descrito pela ciência moderna é mais uma metáfora útil do que uma descrição exata. Quando a maioria de nós pensa no espaço, imaginamos uma tela vazia onde todo o tipo de coisas aparece e desaparece: estrelas, planetas, cometas, meteoritos, buracos negros e asteroides — mesmo coisas que ainda não foram descobertas. Mesmo assim, apesar de toda essa atividade, a nossa ideia da natureza essencial do espaço permanece imperturbada. Até onde sabemos, pelo menos, o espaço nunca reclamou sobre o que acontece nele. Nós enviamos milhares — milhões — de mensagens através do universo e nunca recebemos uma resposta do tipo “Estou furioso porque um asteroide acabou de destruir o meu planeta favorito” ou “Uau, que emoção! Uma nova estrela acabou de nascer!
Da mesma forma, a essência da mente é intocada pelos pensamentos ou pelas condições desagradáveis que podem normalmente ser consideradas dolorosas. Ela é naturalmente tranquila, como a mente de uma criança que acompanha os pais numa visita ao museu. Enquanto os pais estão completamente envolvidos a julgar e avaliar as várias obras de arte, a criança limita-se a ver. Ela não se pergunta quanto uma determinada obra de arte pode custar, a idade de uma estátua específica ou se o trabalho de um pintor é melhor do que o de outro. O seu ponto de vista é completamente inocente, aceitando tudo da forma como é contemplado. Essa perspetiva inocente é conhecida em termos budistas como “paz natural”, uma condição similar à sensação de total relaxamento que uma pessoa vivencia depois de, por exemplo, fazer exercício intenso ou concluir uma tarefa complicada.
– Alegria de Viver, Yongey Mingyur Rinpoche
Meditação | Sons & Observar a Mente
O que fazer?
‘Observar’ a mente e os seus conteúdos
…pensamentos, memórias, desejos, impulsos, preocupações, emoções… todos bem-vindos! (excluímos os cinco sentidos – sons, sensações, etc.)
Os pensamentos surgem como “imagens” ou como uma “voz interna”
Como?
Os pensamentos não são um problema, são o nosso objeto de prática
Atitude essencial? Equanimidade, sem agarrar, nem empurrar
Objeto sem clareza? gerar um pensamento (ex: uma maçã)
Confusos ou sequestrados pela mente? i) regressar à respiração, ii) etiquetar os pensamentos
Dicas adicionais
Manter a prática curta enquanto nos tornamos familiares com ela (2,3 minutos)
Desenvolver o hábito de nos questionarmos no dia-a-dia sobre o que está presente na mente: o que está na minha mente agora?
Quando começamos esta prática, podemos ter dificuldade em identificar o intangível domínio da mente. Ou mesmo que a nossa consciência o detete, após algum tempo, a nossa atenção pode tornar-se vaga ou desorientada, como se estivéssemos a sonhar acordados.
Se tivermos dificuldade em identificar o domínio da mente, ou a permanecer lá, então podemos propositadamente gerar um pensamento, como “O que é a mente?” e observá-lo. Não penses sobre esta pergunta, ou tentes dar-lhe uma resposta. Simplesmente observa o próprio pensamento, vendo-o surgir no espaço da mente e dissolver-se novamente nesse espaço. Quando ele desparecer, mantém o foco exatamente aí, e observa o que surge a seguir.
Se entretanto te perderes numa espécie de vacuidade sem objeto, gera deliberadamente um pensamento de novo, e observa-o com atenção.
Quando te tornares familiar com esta prática, já não precisarás gerar pensamentos para cristalizar a tua consciência e localizar a tua atenção. Isso acontecerá naturalmente, enquanto os pensamentos surgem e passam.
(…) Os nossos pensamentos também podem ser explorados na meditação. Em relação aos pensamentos, a parte complicada é que temos o forte hábito de nos perdermos neles, por isso pode levar algum tempo até que consigamos mantermo-nos conscientes dos pensamentos que estão em constante movimento no campo da consciência.
Os pensamentos têm tipicamente dois aspetos: sons (incluindo sons não verbais e o diálogo interno) e imagens. Ao usar os pensamentos enquanto suporte para a nossa consciência, nós simplesmente observamos o fluxo de pensamentos de forma relaxada, sem tentar controlar, parar e sem nos agarrarmos a eles.
Se os pensamentos naturalmente se dissolvem quando os observamos, não tem qualquer problema. Podemos simplesmente descansar a consciência até que eles voltem.
Contudo, não esperes que os pensamentos desapareçam. Na realidade, nós precisamos de pensamentos para fazer esta prática.
– Wallace, Alan (2017), A Revolução da Atenção – Revelando o Poder da Mente Focada, Editora Vozes (BR)
Meditação | Respiração
Se um amigo te disser que não consegue meditar porque tem muitos pensamentos, o que lhe dirias?
Há muitos anos na Índia, havia um vaqueiro que passara a maior parte da vida vida a cuidar das vacas do seu patrão. Finalmente, perto dos 70 anos, chegou à seguinte conclusão: “Este é um trabalho monótono, todos os dias a mesma coisa. Levar as vacas para o pasto, vê-las pastar e trazê-las de volta para casa. O que posso aprender com isto?”. Depois de ter pensado nisso durante algum tempo, decidiu que ia despedir-se do emprego e aprender a meditar, para que, pelo menos, pudesse libertar-se da monotonia desta existência condicionada.
Depois de ter largado o emprego, partiu para as montanhas. Um dia, viu uma caverna onde se encontrava uma mahasiddha [um praticante muito experiente]. Mal o viu, o vaqueiro sentiu-se contente e foi ter com ele para obter conselhos sobre como meditar. O professor concordou e deu-lhe instruções básicas sobre como meditar usando os pensamentos como suporte. Depois de receber as instruções, o vaqueiro instalou-se numa caverna e começou as suas práticas.
Tal como qualquer um de nós, encontrou problemas de imediato. Durante todos os anos em que fora vaqueiro, afeiçoara-se muito às suas vacas e, quando tentava praticar o que o mahasiddha lhe ensinara, os únicos pensamentos e imagens que surgiam na sua mente eram as vacas de que cuidara. Embora tentasse, com todas as suas forças, bloquear estes pensamentos, as vacas continuavam a aparecer; quanto mais tentava, mais nitidamente elas apareciam.
Por fim, exausto, foi ter com o professor e disse-lhe que estava a ter enormes problemas com as instruções que havia recebido. Quando o mahasiddha lhe perguntou lhe perguntou quais eram os problemas, o vaqueiro explicou a situação.
“Não é um problema”, disse o professor. “Posso ensinar-te outro método. Chama-se a meditação da vaca.”
“O quê?”, disse o vaqueiro surpreendido. “Estou a falar a sério”, disse o mahasiddha. “A única coisa que precisas fazer é observar as imagens das vacas que vês. Observa-as enquanto as conduzes de volta para a quinta. Limita-te a observar todo e qualquer pensamento que apareça.”
Então o vaqueiro regressou à sua caverna e sentou-se a praticar com este conjunto de instruções. Uma vez que não estava a tentar bloquear os pensamentos, então a sua prática decorreu com mais facilidade e ele começou até a sentir alguma paz e serenidade. Não sentia saudades das suas vacas, e a sua mente tornou-se mais serena, equilibrada e maleável.
– Alegria de Viver, Yongey Mingyur Rinpoche (p. 185)
Qualquer atividade diária pode ser usada como uma oportunidade de meditação
– Yongey Mingyur Rinpoche
Meditação | Respiração
Meditação significa conectar com a consciência. Pensamentos, emoções, sentimentos e todas as nossas experiências são como nuvens. Podes ter uma nuvem linda, uma nuvem feliz ou uma outra que não é agradável, mas a nuvem em si nunca modifica o espaço natural. O espaço é sempre livre, o espaço é sempre puro.
– Yongey Mingyur Rinpoche
Meditação | Respiração
Como no último mês da estação quente, quando uma massa de pó e sujidade forma um redemoinho, e uma nuvem grande de chuva fora de época o dispersa e domina imediatamente, da mesma forma, a concentração por meio da atenção plena à respiração, quando desenvolvida e cultivada, é pacífica e sublime, uma morada ambrosíaca, que dispersa e domina instantaneamente os estados insalubres sempre que surgem.
– The Connected Discourses of The Buddha | Felicidade Genuína, Allan Wallace P.30
Meditação | Respiração – Narinas
O contentamento é a coisa mais essencial. A busca pela felicidade é infinita. Sempre haverá alguma coisa ou lugar mais ensolarado, melhor, mais silencioso. A busca nunca termina e raramente haverá tempo suficiente para toda essa busca e descoberta. Mas quem está contente é sempre feliz. Essa pessoa nunca precisa procurar. Um bom praticante saberia que o contentamento é mais fácil de alcançar do que a felicidade e que isso é suficiente.
– Khandro Rinpoche
Meditação | Respiração – Abdómen
Meditação | Respiração – Abdómen
Meditação | Respiração – Abdómen
Meditação | Respiração – Corpo Inteiro
Artigo do Headspace sobre Meditação a Caminhar – Walking Meditation Headspace
Algumas dicas para a prática em andamento:
- iniciar e terminar formalmente a prática (“agora vou começar, agora termino”)
- praticar em trajetos curtos de forma a nos mantermos presentes (e sem esforço)
- escolher antecipadamente o objeto de observação:
- sensações de contacto com o chão (pés)
- sensações de temperatura (tronco, cara, mãos, pés)
- formas e cores (em nosso redor)
- sons (em nosso redor)
- movimento (fluidez do corpo inteiro)
Meditação | Respiração – Corpo Inteiro
Muitas vezes as pessoas avaliam seu próprio valor, o valor das suas vidas, da sua empresa, da sua comunidade em termos de produtividade. “Se tu não és produtivo, és um desperdício de ar, estás apenas a contribuir para o aquecimento global, ao respirar”.
E já alguém ouviu a frase: não fiques aí sentado, faz alguma coisa! Eu ouvi, ao crescer numa família protestante, uma família muito boa e saudável, mas na verdade, tudo era sobre não fiques aí sentado, faz alguma coisa!
E o que acontece quando trabalhas e alguém te diz, ou tu ganhas a fama de “esta pessoa está realmente acomodada no trabalho”?
Eu acho que o resultado disso é chamado de “despedimento”, certo?
Então, aqui o que vos encorajo é: não faças nada, senta-te aí, e não fiques apenas sentado, acomoda-te totalmente nessa posição.
– Alan Wallace, palestra sobre a “enfermaria” no retiro de 8 semanas 2019
Meditação | Respiração – Corpo Inteiro
Meditação | Respiração – Deixar Cair os Pratos
Os pratos multiplicaram-se, levando-nos a um labirinto de identidades, personagens, relações intersubjetivas, papéis, jogos. Para cada novo domínio, para cada novo âmbito, um novo corpo, uma nova roupa, uma mente diferente, um discurso diferente, um ser adicional. O ser humano é esse espectro flexível, esta capacidade para a plasticidade, que nos permite explorar cada uma dessas realidades.
No entanto, a mesma potência que faz surgir tal liberdade é, ironicamente, a grande responsável por nosso inferno. É precisamente este vórtice criador que produz os pratos! Quanto maior o número de identidades, maior o número de pratos, maior a nossa prisão. Se esquecemos, por um só instante, de perceber esse processo de criatividade espontânea, a confusão aparece. O que poderia ser uma diversão vira obrigação. O que era ação, atividade, termina reação, passividade.
Meditação | Respiração – Pousar Malas Pesadas
Desenvolver uma mente que está disposta a libertar
Esta atitude de mente que se inclina para libertar, vai levar-nos no caminho da meditação. Mesmo nas fases iniciais, devemos gerar a energia da renúncia – a abertura para libertar fixações. À medida que vamos libertando coisas na nossa mente, sentir-nos-emos mais leves e livres. Na meditação, este libertar acontece em fases, passo a passo.
Nesse sentido, a meditação – ou qualquer prática contemplativa dentro de uma tradição espiritual autêntica – é o momento no qual paramos de olhar para os pratos. É o único espaço, sempre possível, sempre disponível, no qual não vemos problema se um prato cair. Mais ainda, é o espaço de onde percebemos que nossa relação com o outro nunca esteve ligada ao prato que, em nossa mente, o representava.
Os meditadores são como pássaros que voam no céu. E eles nunca carregam malas! Os meditadores hábeis libertam-se de todos os seus fardos e sobem aos lindos picos das suas mentes. É nesses cumes da sua perceção que os meditadores entendem, através da sua própria experiência na primeira pessoa, o significado daquilo a que chamamos ‘mente’.
– Ajahn Brahm
Meditação | Consciência Sons, Sensações
Durante a meditação, não devemos desenvolver uma mente que acumula e se agarra às coisas. Em vez disso, devemos desenvolver uma mente que está disposta a libertar, a abandonar todas as preocupações. Nas nossas vidas do dia-a-dia nós carregamos muitas obrigações, tal como se fossem malas pesadas, mas durante o período da prática esta bagagem é desnecessária. Na meditação, nós devemos pousar o máximo de bagagem que conseguirmos. Podemos pensar naquilo que temos para fazer, assim como nas nossas conquistas, como pesos que carregamos sobre nós e que agora podem ser abandonadas livremente, sem olharmos para trás.
Não basta um simples desejo
Não podemos escolher quem já somos, mas podemos escolher ser melhores [ou até diferentes]. Essa aspiração vai dar uma direção à nossa mente. Mas como não basta desejar, compete-nos a nós concretizar essa aspiração.
Não achamos anormal passar anos a aprender a andar, a ler, a escrever e a seguir uma formação profissional. Passamos horas a fazer exercício físico para manter a forma, pedalando, por exemplo, assiduamente numa bicicleta fixa que não nos leva a parte nenhuma. Empreender uma tarefa, qualquer que seja, exige que sintamos o mínimo esforço e entusiasmo, e esse interesse vem do fato de estarmos conscientes dos benefícios que irão ser gerados.
Por que razão misteriosa haveria a mente de escapar a esta lógica, podendo transformar-se sem o mínimo esforço, apenas por força de um desejo? Teria tão pouco sentido como uma pessoa acalentar a expectativa de tocar um concerto de Mozart, matraqueando o piano só de quando em vez.
Dedicamos muitos esforços à melhoria das condições externas à nossa existência, mas afinal, é sempre a nossa mente que vivencia o mundo e o traduz sob a forma de bem-estar ou sofrimento. Se transformarmos a nossa forma de percecionar as coisas, transformamos a qualidade da nossa vida por inteiro. E essa mudança resulta de um treino ao qual chamamos meditação.
– Matthieu Ricard, A Arte da Meditação – Pág. 14
Meditação | Consciência Sons, Formas, Sensações, Pensamentos
Conhecer ou estar consciente está na mesma relação com todo o conhecimento e experiências, como uma “tela consciente” estaria para um filme. Ao contrário da televisão convencional que está a ser observada por alguém sentado num sofá, a tela consciente do puro conhecimento está a observar o filme da experiência que ocorre em si mesma.
Conhecer ou estar consciente não é inacessível, desconhecido ou está enterrado em nós. Essa consciência brilha claramente no “fundo” de todas as experiências, tal como poderíamos dizer que a tela é claramente visível no “fundo” de um filme [que passa no cinema].
No entanto, tal como a tela tende a ser esquecida [ou ignorada] enquanto o filme está a passar, ou enquanto nos deixamos fascinar [demasiado] pelo drama, também este conhecer, estar consciente, ou a própria consciência, geralmente passa despercebida devido ao nosso excesso de atenção dirigido aos objetos da experiência.
Conhecer ou estar consciente não depende de condições particulares ou de qualidades da experiência. Ela brilha igualmente em todas as experiências, independentemente de estas serem agradáveis ou desagradáveis, boas ou más, certas ou erradas, tal como a tela é igualmente evidente em todos os filmes, independentemente do seu conteúdo.
Conhecer ou estar consciente é o elemento essencial, irredutível de todas as experiências. É fundamental para a experiência. É o elemento que nunca pode ser removido.
– Rupert Spira, Being Aware of Being Aware
Mais leituras disponíveis nesta página
Livros
A Arte da Meditação, Matthieu Ricard
Alegria de Viver, Yongey Mingyur Rinpoche
Being Aware of Being Aware, Rupert Spira
Quanto Tudo se Desfaz, Pema Chödrön
Attention Revolution, Alan Wallace
Fearless Heart, Thupten Jinpa
Four Immeasurables, Alan Wallace