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Imaginemos que estamos sentados num restaurante, numa sala de reuniões, numa conferência, no sofá de um(a) amigo(a), e na mesma sala que nós está uma pessoa que achamos incrível. Incrível pela forma como comunica, pelas qualidades que expressa, pela presença estável e carinhosa, pelo conhecimento sobre um tema que nos interessa, you name it…!

Por um lado sentimos alegria por conhecer ou passar tempo com esta pessoa, por outro, começamos a sentir-nos pequenos na sua presença… Perdemos a autenticidade, não sabemos bem o que dizer, como estar.
Esta experiência é familiar?

Se sim, o mais provável é que nesse momento tenhamos sido tomados pelo fenómeno da comparativite (ou armadilha da comparação). Uma tendência, não muito nossa amiga, de nos compararmos frequentemente com as pessoas em nosso redor.

Assim que o processo se inicia tendemos a fixar-nos numa de três coisas:

#1 Sou melhor
#2 Sou igual
#3 Sou pior

Mas qualquer uma das três é geradora de mal-estar no curto e no longo prazo.

Se sistematicamente me sinto melhor, vou-me deixando tomar por orgulho e autocentramento.
Se sistematicamente me sinto igual, com facilidade entro em modo competitivo.
Se sistematicamente me sinto pior, então vou alimentando um sentido de identidade frágil, tipicamente chamado de baixa autoestima.

Por esta altura podem estar a surgir nas nossas mentes as seguintes questões:
Qual é a alternativa à comparação? Como é que me vou relacionar com as outras pessoas?

Com presença, humanidade e um olhar generoso, os três pilares que usamos no cultivo da autocompaixão.

#1 Presença para estar com a pessoa com abertura, livres dos rótulos habituais que simultaneamente colocamos no outro e em nós.

#2 Humanidade para reconhecer que, assim como eu, esta pessoa é um ser humano completo, com qualidades e limitações, exposta a sucessos e desafios.

#3 Um olhar generoso que escolhe dar mais importância ao que é bom, e que é capaz, se a circunstância permitir, de manifestar apreciação através de gestos ou palavras.

Se procurarmos cultivar estes três pilares, as boas qualidades de outras pessoas passam a ser um motivo de alegria e inspiração. O nosso coração fica cheio, sentimo-nos motivados para crescer e cultivar novas competências, e a nossa interação com o mundo fica mais fácil e autêntica.

Na próxima vez que estivermos na presença da tal pessoa incrível, vamos estar confiantes de que aquilo que apreciamos nela não rouba espaço dentro de nós, não nos torna inferiores, nem mais limitados. Torna-nos, sim, mais conectados, mais humanos e mais disponíveis para apreciar quem somos.

A quem gostarias de expressar a tua apreciação hoje?