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Quer sintamos essa inclinação, quer não, diariamente todos nós nos sentamos com uma gama colorida de emoções. Um soluço de ansiedade de manhã na viagem para o trabalho, um piscar de olhos prolongado de desalento depois de um feedback difícil de acomodar, uma vibração de entusiasmo ao pensar na saída programada para o fim de semana.
As emoções permeiam as nossas experiências com o objetivo simples de revelar aquilo que é importante para nós momento-a-momento. Ainda assim, uma pesquisa rápida no google ou uma pequena sondagem nos cursos sobre estes temas, mostram-nos como coletivamente continuamos obcecados com a ideia de que “devemos controlar as emoções”.
O que é que, exatamente, nós desejamos com este controlo? Desejamos não sentir dores lacerantes no coração quando perdemos algo ou alguém? Desejamos não sentir ponta de medo antes da maior e mais importante apresentação da nossa vida? Ou desejamos não ter comportamentos dos quais nos arrependemos mais tarde?
É importante distinguir a experiência emocional – aquilo que efetivamente sentimos quando a emoção está em plena manifestação – e os comportamentos que temos sob a influência dessa emoção.
Sentir essas dores lacerantes em face de uma perda, ou um medo desconcertante antes de um grande evento da nossa vida, é normal e até desejável. Significa que a nossa humanidade está a funcionar, e que as emoções nos estão a chamar a atenção para circunstâncias relevantes e merecedoras de um olhar cuidadoso. Pode doer, ser desconfortável e demorar a passar, mas eliminar esta componente da nossa vida não é a nossa melhor opção.
O que pode realmente ser útil, é que cada um de nós tenha à mão formas hábeis de suavizar e ressignificar aquilo que está a sentir. Isso vai implicar conhecer bem as diferentes emoções, assim como a energia que as acompanha, e compreender profundamente o que cada uma delas comunica.
Algumas estratégias que podemos explorar para suavizar a energia emocional são:
- Darmos permissão a nós mesmos para reconhecer que o momento é difícil;
- Estabilizar a respiração se estiver alterada, estabelecendo um ritmo fixo e consistente durante alguns minutos;
- Mudar de ambiente e/ou dar movimento ao corpo;
- Procurar conexão junto de pessoas que nos transmitem segurança e amparo;
- Interessarmo-nos – genuinamente – pela experiência de outras pessoas;
Uma vez suavizada a energia emocional, seguramente não teremos de nos preocupar tanto com os nossos comportamentos. Aquilo que normalmente gera arrependimentos são os comportamentos que acontecem de forma reativa, em piloto automático, onde há pouco espaço para fazer sentido da circunstância.
Mas a verdade é que às vezes não dá tempo, e o comportamento reativo surge mais rápido do que somos capazes de percecionar. E… está tudo bem, fazemos o nosso melhor para reparar e gerar uma intenção de mudança para a próxima vez. Sem medo e com confiança, voltamos a ficar disponíveis para nos sentarmos com a próxima emoção.
Catarina Távora, facilitadora dos programas Cultivating Emotional Balance e Mindful Self-Compassion